sábado, 20 de outubro de 2012

O brincar na Educação Infantil.



O brincar na Educação Infantil
Tânia Ramos Fortuna


Brincar e aprender
Em recente pesquisa sobre as relações entre jogo e educação segundo o pensamento dos educadores (Fortuna e Bittencourt, 2003), constatamos que proporcionar aprendizagem é o mais freqüente motivo pelo qual o jogo é considerado importante para a educação, em uma amostra onde preponderam educadores de ensino fundamental.
Os educadores infantis, por seu turno, são mais resistentes a assimilar o jogo à aprendizagem, ainda que reconheçam sua importância para o desenvolvimento infantil. Uma hipótese para entender esta posição, já apresentada em outro trabalho (Fortuna, 2000), é que, por muito tempo, a definição de sua identidade profissional baseou-se na oposição brincar versus estudar: a "escolinha" e a creche são lugares de brincar, enquanto a escola (as demais séries do ensino) é lugar de estudar. Outra hipótese é que a disposição de “deixar brincar” é seu modo de insurgir-se contra as práticas educativas que submetem o tempo passado na escola infantil ao pragmatismo e ao utilitarismo da Economia escolar. No entanto, quando admitem que brincar é aprender, não é no sentido amplo, em plena conexão com o próprio desenvolvimento, e sim como resultado do ensino dirigido, onde tudo acontece, menos o brincar – exatamente como procedem os professores do ensino fundamental, tentando instrumentalizar aquilo que é indomável, espontâneo, imponderável.
Esta separação é deletéria tanto para a educação infantil quanto para o ensino fundamental, pois em ambos os casos a fecundidade da presença do jogo na educação acha-se ameaçada, já que é reduzida ora à reedificação do brincar, influenciada pela visão romântica da infância (Brougére, 1998), sob o argumento de que não intervir é preservar sua genuinidade, ora à subordinação extrema aos conteúdos curriculares, quando praticamente não há espaço para a brincadeira propriamente dita.
No caso da educação infantil, qual é, então, o melhor lugar que a brincadeira pode ocupar? Nem tão "largada" que dispense o educador, dando margem a práticas educativas espontaniedade que sacralizam o ato de brincar, nem tão dirigida que deixe de ser brincadeira (Ramos, 2002). Como se faz isso? Qual é o papel do educador em relação ao brincar na educação infantil?
Brincar é uma atividade paradoxal: livre, imprevisível e espontânea, mas, ao mesmo tempo, regulamentada; meio de superação da infância, assim como modo de constituição da infância; maneira de apropriação do mundo de forma ativa e direta, mas, também, através da representação, ou seja, da fantasia e da linguagem (Wajskop, 1995). Brincando, o indivíduo age como se fosse outra coisa e estivesse em outro tempo e lugar, embora, para que a atividade seja considerada brincadeira e não alucinação, ele deve estar absolutamente conectado com a realidade. Provavelmente Ajuriaguerra e Marcelli (apud Fortuna, 2000) consideraram tudo isto para dizer que é um paradoxo querer definir o brincar com demasiado rigor.
Diante destes paradoxos não é de surpreender que não seja possível afirmar categoricamente para que serve a brincadeira. Entretanto, os custos desta atividade são tão elevados para as espécies que brincam, envolvendo gasto de tempo, energia e exposição a riscos, que o retorno, em termos de benefícios, deve ser considerável (Yamamoto e Carvalho, 2002).
Para quem brinca, contudo, a pergunta ‘brincar pra quê?’ é vã, pois se brinca por brincar, porque brincar é uma forma de viver. Como recordam Yamamoto e Carvalho (op. cit.), o indivíduo que brinca não o faz porque isto o torna mais competente, seja no ambiente imediato, seja no futuro. A motivação para brincar é intrínseca à própria atividade.
Mesmo sem intenção de aprender, quem brinca aprende, até porque se aprende a brincar. Como construção social, a brincadeira é atravessada pela aprendizagem, pois os brinquedos e o ato de brincar, a um só tempo, contam a história da humanidade e dela participam, diretamente, sendo aprendidos, e não uma disposição inata do Homem. Esta aprendizagem é mais freqüente com os pares do que dependente de um ensino diretamente transgeracional (Carvalho e outros, 2003, p. 21). Uma das explicações para isto remonta, possivelmente, ao surgimento do sentimento de infância a partir da modernidade, quando as crianças foram especialmente estimuladas a conviver entre si, na escola, e não mais com os adultos, no trabalho.
Por que, então, é tão difícil para os educadores infantis incluírem-na na escola infantil, sem incorrer na dedetização ou no abandono do brincar?
Apesar deste problema não ser exclusivo da educação infantil, adquire uma original configuração em razão da pendularão histórica entre o ensino dirigido na escola infantil e a proposição de “só brincar” (Brougére, 1998). A associação do jogo à aprendizagem traz consigo o problema do direcionamento da brincadeira, em termos de intencionalidade e produtividade. Brougére (2002) sugere a noção de educação informal para pensar a relação entre jogo e educação sobre novas bases, ainda que admita que a oposição formal versus informal seja muito simplista. O autor explica a formalização como processo em que a intenção educativa pode tornar-se mais consciente ou mais explícita em certas situações até constituir o objetivo principal de uma interação. É deste modo que Brougére chega à afirmação de que o jogo não é naturalmente educativo, mas se torna educativo pelo processo de formalização educativa. Todavia, adverte: “o jogo pode possibilitar o encontro de aprendizagens. É uma situação comportando forte potencial simbólico que pode ser fator de aprendizagem, mas de maneira inteiramente aleatória, dificilmente previsível” (id., p.10).

5 comentários:

  1. o brincar na educação infantil e uma ferramenta mito inportante pois e na educação infantil que tudo começa e onde e construido a pessoa toda criança aprende brincando e uma forma ludica e a criança desenvolve não só o aprendizado mas os movimentos enteragi com o outro toda criança tem o direito de brincar e se diverti com as brincadeiras.

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  2. Isso me faz lembrar o comercial da Danone, mas é brincando de maneira direcionada e com o auxilio de um responsável sim podese haver a aprendizagem. De manaira organizada por parte do educador pois a criaça não quer saber de regras quer mesmo é brincar.

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  3. Nessa concepção o jogo é uma atividade de natureza livre, como atividade voluntária, do ser humano historicamente. Quando a criança brinca não se preocupa com a aquisição de conhecimento e qualquer habilidade mental e física. Entendo, que o jogo, por ser uma ação voluntária da criança, um fim em si mesmo, não pode criar nada, o que importa, é o processo em si de brincar que a criança se impõe

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  4. muitos professores e até mesmo autoridades relacionadas a educação, abrem mão desse instrumento importantissimo para o desenvolvimento educacional de nossas crianças, muitas vezes, e em quase todas os jogos são de grande valia para o aprendizado, jogos direcionados, alem de sair do tradicional estimula a mente do jovem, o que é mera brincadeira para alguns, são o aprendizado de forma diferente para outros.

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  5. No campodo dos jogos infantins, vê-se a existência de pesquisa demosntram a relevância do jogo no contexto social, para o aperfeicoamento nesse campo é necessário que o pesquisador e o professor trabalhhem juntos com um referencial comum, os jogos são de extrema importãncia para a educacao infantil.

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